Transcrição – Áudio – 2023-1
Agora que você já fez a tarefa anterior, pode ouvir novamente o áudio e acompanhar com a transcrição abaixo. Aproveite para prestar atenção na pronúncia e escrita das palavras e adicionar novas palavras á sua lista de vocabulário.
Transcrição
Liliane Mesquita escreveu um livro chamado “Poesia no Futebol”. Ela é escritora e pedagoga, e ela ressalta a importância do esporte mais popular do Brasil, que é o futebol, ser um pouco mais inclusivo. E aí, que ele se torna uma pauta feminina, por isso que a gente tá conversando hoje.
– Tudo bom, Liliane?
– Olá, tudo bem, Ana.
– Liliane, você é apaixonada por futebol, ou você é mais apaixonada por poesia?
– Olha, ali são duas paixões muito grandes, porque desde pequena eu gosto muito de poesias, tanto de escrever e ler, também, bem como, de jogar futebol e assistir futebol. É uma paixão desde criança. Tanto a poesia quanto o futebol, e era uma época que foi uma barreira muito grande. O futebol como algo assim, símbolo de virilidade, logo, mulheres não podiam. Então, sempre eu era jogada pra escanteio, né, aproveitando até o jargão aí do futebol, pra não participar da atividade. Então eu sempre ficava chateada, até que eu consegui um jeito de começar a participar, jogando mesmo que com os meninos. Então, isso lá nos anos 80, ainda era visto com muito estranhamento, né, hoje a gente vê até o futebol feminino crescendo e diminuindo, e ainda há muito que se caminhar rompendo um pouco com essa barreira do preconceito, mas naquela época causou muito espanto. Até que outras meninas começaram a ver que era legal, e eu entrei e eu falei assim “e eu sou atacante”. E era pior ainda, né.
(risada)
– E eu ainda fiz gols.
– Nossa, eles deviam ficar com muita raiva, né?
– Muita raiva! Então, a partir disso, as meninas “poxa, então eu também posso estar ali, eu não preciso só jogar queimado, ou uma coisa mais delicada, né que não tenha contato físico, como por exemplo o vôlei, que não tem tanto contato físico, eu posso jogar”. E nisso outras meninas passaram a jogar conosco, e até que, quando eu cheguei na 8ª série, teve um campeonato que as mães participaram.
– Olha que legal.
– Então, eu fiquei assim numa alegria tão grande, porque eu assistia, e eu queria estar ali, porque mesmo que eu não fizesse gol, que eu jogasse mal era onde eu queria estar. E esporte é vida, é saúde, e nós, como mulheres, temos o direito sim, de estar ali jogando. E eu queria mesmo um time feminino, pra mostrar que as mulheres podem, são capazes, mas só tinha meninos, então, vamos com os meninos mesmo. Foi aos poucos, outras se sentindo inspiradas, e levadas pelo esporte, e também a essa prática.